Perdi meu talento para escrever, isto é, se é que algum dia tive!
Nunca mais escrevi meus poemas capengas, ou mais de duas linhas que valham a pena. Na verdade, não tenho escrito nada mesmo, e antes as palavras pulavam com tanta facilidade que chegavam a se atropelar, e agora, pra ter uma linhazinha escrita é quase uma procissão, as palavras se arrastam. Mas vou fazer esse esforço. Já abri mão de muita coisa, e não quero nem pretendo que escrever entre nessa lista. Nem que as únicas coisas que eu escreva sejam essas divagações sem sentido.

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Prisão

Eram quatro paredes, que me cercavam
Eram grades e ferros, que me prendiam
Era a água fria, que me afogava
Era o fogo, que me queimava

Eram meus sonhos, que me distraiam
Eram nos meus próprios passos, que me perdia
Era a minha voz, que me calava
E apenas quando abri os olhos, percebi
Era eu, quem me limitava

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[Tentei, mas ficou um lixo.]