Polly
Ela me diz coisas que não quero saber
Mesmo que eu esteja surda
Ela me mostra coisas que preferia não ver
E eu ainda nem abri os olhos

Ela me joga de um precipício
Mas meus pés continuam no chão
Ela me puxa pra baixo e me afoga
E eu ainda estou sentada na areia

Ela me faz esquecer o sol
E eu me molho na chuva
Ela me dá as respostas
Mas eu nem se quer perguntei

Mesmo assim, ela me protege, me guia
Está sempre comigo, nos momentos bons
Ou mesmo antecipando os ruins.

Ainda assim, às vezes eu a odeio
Preferia não ver nem saber
Preferia continuar parada no meu lugar
E como eu a odeio, são nesses momentos
Que eu odeio minha intuição.
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Polly
Gosto dos venenos mais lentos,
das bebidas mais amargas,
das drogas mais poderosas,
das idéias mais insanas,
dos pensamentos mais complexos,
dos sentimentos mais fortes…
tenho um apetite voraz
e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!

Não me dêem fórmulas certas,
por que eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim,
por que vou seguir meu coração.
Não me façam ser quem não sou.
Não me convidem a ser igual,
por que sinceramente sou diferente.
Não sei amar pela metade.
Não sei viver de mentira.
Não sei voar de pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas
com certeza não serei a mesma pra sempre.

Clarice Lispector
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Polly
O ontem poético

Ontem a noite foi demais
Foi saudade demais
Foi choro demais
Foi agonia demais

Não dormi, fui vencida pelo sono
Não sonhei, fugir pra te ver
Não chorei, derramei lágrimas sem fim
Não cantei, pois só se ouvia soluços

Que falta você me faz!
Ir embora assim e me deixar aqui..
Que dor é essa que sinto? Nunca senti
E ontem foi demais

Só me resta esperar, o dia
Em que hei de te encontrar
E nunca mais precisar partir
Que fazer se és minha razão de sorrir?

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O ontem real


Ontem foi verdadeiramente horrível,
aquela sensação, meu Deus,
querer dormir e não conseguir,
querer voar pra outro lugar.
Chorei sim, precisava
derramar a saudade que tenho em mim,
dormi abraçada com um certo coração,
ah! ele é meu companheiro
para as piores horas de solidão,
só de saber que é meu, me refaz,
me anima, me traz de volta a esperança..
E no fim eu sei que só depende de nós!

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Ontem foi tão complicado, que conseguiu me inspirar de uma vez só dois poemas!
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Polly
O vestido vermelho, pendurado na janela
Esvoaça com o vento, leve, lindo, nela
Vestido de ton quente, vermelho, ardente
A despida do pudor, do medo e do presente

Era pela janela que o vestido ia, fugia
Nas noites de inverno, pulava a janela e corria
No corpo da garota de cabelos compridos
O vestido se corrompia, era tapete na noite fria

Nos lençóis em que o despiam, riam, gemiam
O suor ficava impregnado, no vestido amarrotado
No batom borrado, ficavam marcados os beijos
No vestido, as marcas do desejo
Na janela, o amor, ainda proibido
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Polly
Tenho medo de o amor não ser o suficiente,
Da vida separar a gente,
Do mundo cair em mim.

Tenho medo do sol apagar,
Do dia não mais ter fim,
E medo de noites sem estrelas.

Tenho medo de sonhar,
E medo de chorar,
Mas não, eu não tenho medo de voar.

Voo para longe,
Vou onde meus pensamentos me levarem,
Porque o meu medo é menor que a minha vontade de ser feliz.
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Polly
Nesses dias chuvosos,
onde o cobertor não é suficiente,
onde os pés estão gelados,
e as meias não servem.

Nesses dias onde o guarda chuva não tem sentido,
e as gotas de chuva não molham,
dias em que o vento não sopra, sussurra.

Nesses dias o vazio é maior,
e os gritos são nossos, ainda que os gritos sejam silenciosos,
e estejam nas entrelinhas da respiração,
só podendo ser ouvidos por outro coração.

A angustia aperta o peito,
o medo corroí a alma, os sonhos param.
Dias de cão adoentado, querendo atenção.

São nesses dias que precisamos ser salvos,
é quando o coração para por falta de sangue.
E precisamos de um choque pra voltar,
ou sucumbiremos de vez.
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